Era final de agosto e eu, recém-desembarcada em terras espanholas, não fazia a menor ideia do que encontraria de experiências interpessoais nessa temporada. Juntas, no apartamento 2D da Calle Rodolfo Llopis, nº 3, estávamos em quatro brasileiras, dentre as quais, a Fer tornou-se minha duplinha de riso constante.
Antes do início das aulas, tínhamos que nos apresentar ao ORI da UCLM, que era tipo um departamento de suporte aos Erasmus ~ onde, diga-se de passagem, desconfio que já fomos motivos de muita risada. Após algumas tentativas frustradas de acordar antes das 14h ~ culpa do fuso, conseguimos vencer o sono e lá fomos nós. Com toda aquela desenvoltura no espanhol que nos era peculiar, tentamos o primeiro contato:
- Hola... Brasiiil (?). O que queríamos dizer: Olá, bom dia, nós somos as intercambistas que vieram do Brasil, tudo bem? Estamos aqui para receber as primeiras orientações. Em resposta, evidentemente, recebemos um: Holaa... España!! e fomos o primeiro alvo de graça daquele dia.
Enquanto aguardávamos no sofá da ORI, por sorte do destino, entraram dois estudantes e sentaram-se diante de nós. Todos mudos se entreolhando, até que começam a rir e: brasileiras, né? ~ povo que mais se reconhece no mundo, viu. Eram Gabi e Vitor. Dali já saímos para tomar café da manhã e depois para o montaditos e depois para assistir ao jogo do Brasil lá em casa com cachaça, e depois, e depois, e depois {...}, como se a amizade que teríamos já nos fosse certa.
Entre noites regadas a muito vinho, tinto de verano, risadas, derrames/pt's, chororôs de saudade, papo deprê, papo cabeça, muito papo imbecil, filmes, música, festas normais, muitas festas piradas, caminhadas a toa, corridas a noite no frio, almoços, jantares, pasteis, quinto pecado, chinos da madrugada, chino para tirar a barriga da miséria, risadas, risadas, risadas, {...} São tantas ~ !!! ~ as lembranças gravadas na memória que tenho certeza que essas estão longe de precisarem ser registradas em detalhes por aqui. Levarei mesmo no meu coração. Sempre.